Redator: Sarah Cardoso*
O Ministério Público estadual, por intermédio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf), realizou ontem, dia 26, e hoje, dia 27, o ‘Curso Estratégias de Atendimento às Pessoas Idosas’. O treinamento abordou aspectos demográficos do envelhecimento, a diversidade da velhice a partir de categorias como gênero, classe e raça, as relações familiares no cuidado às pessoas idosas e a participação da sociedade no cuidado com os mais velhos. No evento, também foram analisados estudos de situações práticas, a atuação do MP na proteção à pessoa idosa e a importância da rede de atendimento a esse público.
O curso, aberto a integrantes dos Ministérios Públicos brasileiros, foi ministrado por Celiza Maria Souto Terto, analista em serviço social, instrutora interna do MPBA, assistente social, mestra em família na sociedade contemporânea e especialista em direitos sociais, e Janary José dos Santos, analista em serviço social, assistente social e mestra em políticas sociais e cidadania.
O envelhecimento populacional no Brasil e as origens desse fenômeno foram analisados por Janary José dos santos, que ressaltou a velhice como uma construção social e um processo biopsicossocial marcado por heterogeneidades, que é influenciado por aspectos biológicos, psíquicos, culturais, econômicos e sociais. “As pessoas que puderam ter acesso a bens produzidos socialmente, como renda, alimentação, cuidado com a saúde, moradia e educação, vão vivenciar uma velhice bem diferente daquelas que não tiveram esse acesso. Tudo isso se reflete na saúde física e emocional da pessoa”, destacou Janary.
A assistente social frisou, ainda, o papel do Estado em assegurar e proteger os direitos desse público. “O Estado tem que dar resposta às necessidades dos idosos. Nós, como servidores públicos, temos que estar prontos para pensar sobre os problemas e as possibilidades que podemos oferecer para dar melhores condições de vida para essas pessoas”.
A analista Celiza Maria Souto enfatizou como a velhice não pode ser compreendida apenas a partir da cronologia, mas categorias e marcadores, como classe, raça e gênero, também devem ser analisados. Ela pontuou que pessoas idosas pretas, em sua maioria, acessam menos direitos, o que afeta sua saúde e longevidade. Sobre a feminilização da velhice, Celiza destacou que “apesar da maior longevidade das mulheres, elas vivem mais discriminações, têm salários inferiores e são cercadas de pessoas que demandam seus cuidados, como filhos e netos”.
A família como lugar de afeto, mas também de conflitos, os cuidados predominantemente femininos e os desdobramentos do cuidado não compartilhado, como estresse, solidão e afastamento, também foram temas abordados no evento, promovendo reflexões sobre as pessoas idosas e as relações familiares. Além disso, foram levantados espaços sociais de discussão sobre envelhecimento e apoio a pessoas idosas, como conselhos de direitos, instituições e associações, e as principais respostas do Estado e das políticas públicas para assegurar direitos de saúde, assistência e previdência social.
* Estagiária de Jornalismo sob supervisão de George Brito (DRT-Ba 2927)